Um jornalista holandes perguntou ao Papa se ele não sente certa pressão para vender os tesouros da Igreja. Ele respondeu que "não são os tesouros da Igreja, mas são os tesouros da humanidade”. “Por exemplo – continuou – se eu amanhã digo que a Pietà de Michelangelo será leiloada, não é possível, porque não é de propriedade da Igreja. Está em uma igreja, mas é da humanidade”.
Papa Francisco explicou que isso se aplica a todos os tesouros da Igreja: “nós já começamos a vender presentes e outras coisas que são dadas a mim. Os rendimentos da venda vão para Dom Krajewski, que é meu elemosineiro. E depois tem também a loteria. Há carros que foram vendidos ou dados em uma e os recursos recolhidos são utilizados para os pobres. Há coisas que se podem vender e essas se vendem”.
Ele também reconhece que "os bens da Igreja são muitos”, mas que são usados “para manter as estruturas da Igreja e para manter muitas obras que são feitas em países necessitados: hospitais, escolas”. Ele contou que ontem, por exemplo, ele pediu para “enviar ao Congo 50 mil euros para construir três escolas em lugares pobres; a educação é uma coisa importante para as crianças”.
Sobre a fama, o Papa afirma que não perdeu a paz e para ele "isso é uma graça de Deus”: “Eu não penso muito no fato de que sou famoso. Eu digo para mim mesmo: agora eu tenho um lugar importante, mas em dez anos ninguém mais vai me reconhecer (risos). Você sabe, existem dois tipos de fama: a fama dos “grandes” que fizeram grandes coisas, como Madame Curie, e a fama dos vaidosos. Mas essa última fama é como uma bolha de sabão”.
O senhor pode imaginar um mundo sem os pobres? Foi a última pergunta do jornal feita ao Santo Padre. “Eu gostaria de um mundo sem pobres. Devemos lutar por isso. Mas eu sou um crente e sei que o pecado está sempre dentro de nós. E há sempre a ganância humana, a falta de solidariedade, o egoísmo que criam os pobres. Por isso, me parece um pouco difícil imaginar um mundo sem pobres. Se você pensa nas crianças exploradas para o trabalho escravo, ou nas crianças exploradas para o abuso sexual. E outra forma de exploração: matar crianças para a remoção de órgãos, o tráfico de órgãos. Matar as crianças para remover órgãos é ganância. Por isso, não sei se teremos um mundo sem os pobres, porque o pecado sempre existe e nos leva ao egoísmo. Mas devemos lutar, sempre, sempre...”, concluiu o Papa Francisco.
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