Thursday, 12 January 2017

Papa Francisco fala dos ídolos, das cartomantes, das falsas seguranças, da vaidade...

Aqui vai uns excertos da catequese do Papa do dia 11 de Janeiro de 2017 (para ver o texto completo da catequese, clique no link abaixo):

http://www.acidigital.com/noticias/texto-catequese-do-papa-francisco-sobre-os-falsos-idolos-e-a-esperanca-64942/

Partilhem! Obrigado.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No passado mês de dezembro e na primeira parte de janeiro, celebramos o tempo do Advento e depois aquele do Natal: um período do ano litúrgico que desperta no povo de Deus a esperança. Esperar é uma necessidade primária do homem: esperar o futuro, acreditar na vida, o chamado “pensar positivo”.
Mas é importante que tal esperança seja colocada naquilo que realmente pode ajudar a viver e a dar sentido à nossa existência. É por isso que a Sagrada Escritura nos adverte contra as falsas esperanças que o mundo nos apresenta, desmascarando sua inutilidade e mostrando sua insensatez. E o faz de vários modos, sobretudo denunciando a falsidade dos ídolos em que o homem é continuamente tentado a colocar a sua confiança, fazendo-lhe objeto de sua esperança.
Em particular, os profetas e sábios insistem nisso, tocando um ponto mais importante do caminho de fé do crente. Porque fé é confiar-se a Deus – quem tem fé, se confia a Deus – mas vem o momento em que, confrontando-se com as dificuldades da vida, o homem experimenta a fragilidade daquela confiança e sente a necessidade de certezas diversas, de seguranças tangíveis, concretas. "Eu confio em Deus, mas a situação é um pouco ruim e eu preciso de uma certeza um pouco mais concreta". E ali está o perigo! [...] Pensamos poder encontrá-los na segurança que pode dar o dinheiro, nas alianças com os poderosos, na mundanidade, nas falsas ideologias. Às vezes os procuramos em um deus que possa se dobrar às nossas exigências e magicamente intervir para mudar a realidade e torná-la como nós a queremos [...].
Uma vez, em Buenos Aires, precisei ir a outra igreja, mil metros, mais ou menos. E o fiz caminhando. E há um parque no meio, e no parque havia pequenas mesas, mas tantas, tantas, onde estavam sentados os cartomantes. Estava cheio de gente, fazia até fila. Você lhe dava a mão e ele começava, mas o discurso era sempre o mesmo: há uma mulher na tua vida, tem uma sombra que vem, mas tudo andará bem…E depois, pagava a eles. E isso te dá segurança? É a segurança de uma – permita-me a palavra – de uma estupidez. Ir à cartomante que lê as cartas: isso é um ídolo! Este é o ídolo, e quando somos tão apegados a eles: compramos falsas esperanças. Em vez daquela que é a esperança da gratuidade, que nos trouxe Jesus Cristo, gratuitamente dando a vida por nós, naquelas às vezes não confiamos tanto. [...]
O homem, imagem de Deus, fabrica um deus à sua própria imagem, e é também uma imagem mal alcançada: não sente, não age e, sobretudo, não pode falar. Mas nós ficamos mais felizes de ir aos ídolos do que ao Senhor. Ficamos tantas vezes mais contentes com a esperança efêmera que te dá este falso ídolo, que com a grande esperança segura que nos dá o Senhor.
As ideologias com a sua pretensão de absoluta, as riquezas – e este é um grande ídolo – o poder e o sucesso, a vaidade, com a sua ilusão de eternidade e de onipotência, valores como a beleza física e a saúde, quando se tornam ídolos aos quais sacrificar qualquer coisa, são todas realidades que confundem a mente e o coração, e em vez de favorecer a vida conduzem à morte. É ruim ouvir e causa dor na alma o que uma vez, há anos, ouvi, na diocese de Buenos Aires: uma mulher, muito bonita, se vangloriava da beleza, comentava, como se fosse natural: “É sim, precisei abortar porque a minha imagem é muito importante”. Estes são os ídolos, e te levam no caminho errado e não te dão felicidade. [...]
Nós, homens de Igreja, corremos este risco quando nos “mundanizamos”. É preciso permanecer no mundo, mas defender-se das ilusões do mundo, que são estes ídolos que mencionei. [...]
"O Senhor se lembra de nós, nos abençoa” (Salmo 115:12). Sempre o Senhor se lembra. Também nos momentos ruins, ele se lembra de nós. E esta é a nossa esperança. E a esperança não desilude. Nunca. Nunca. Os ídolos desiludem sempre: são fantasias, não são realidade.