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O Papa encontrou-se com milhares de membros do Caminho Neocatecumenal, no Vaticano, alertando para a necessidade de ir as periferias. “Secularização, mundanidade, tantas outras coisas, fizeram esquecer a fé. Despertai essa fé”, apelou Francisco. “Digo sempre que o Caminho Neocatecumenal faz um grande bem à Igreja! Hoje confirmo o vosso chamamento, sustento a vossa missão e abençoo o vosso carisma".
É difícil descrever a emoção que emerge dos olhos de Kiko Argüello. As palavras proferidas na audiencia de 6 de Março pelo Papa Francisco para o Caminho Neocatecumenal, iniciado por ele, foram um grande incentivo para este “itinerário de formação cristã válido para os tempos modernos”, como o definiu São João Paulo II. E pensar que tudo nasceu de uma pequena semente plantada nas periferias de Madrid nos anos 60...
Aqui vai a entrevista a Kiko Argüello:
ZENIT: Kiko, um comentário sobre as palavras do Papa hoje na audiência ao Caminho Neocatecumenal...
Kiko: Estamos surpresos pelo amor que nos mostrou! Eu já tinha encontrado com o Santo Padre em uma audiência privada antes dessa de hoje e tinha lhe mostrado a obra que o Caminho fez até agora, especialmente com as famílias: as missio ad gentes, os encontros vocacionais, os Dias Mundiais da Familia... Ele ficou muito impressionado. E hoje quis mostrar o amor que tem pelo Caminho Neocatecumenal. Talvez alguém esperasse que depois de todas aquelas coisas bonitas e positivas que disse houvesse um “mas”... Pelo contrário, não houve nenhum “mas”... Estamos muito felizes, até mesmo porque o discurso do Papa é programático para todo o Caminho. E também um modo para dar a conhecer á Igreja o que é uma missio ad gentes e como se pode atuar hoje. Porque, talvez, no fundo, permanece ainda a ideia dos primeiros missionários que foram à África, à América para evangelizar. Pelo contrário, hoje, é necessário algo novo e posso dizer que o Caminho realiza estas missões com grande criatividade, mostrando uma forma original de presença de Igreja no mundo.
ZENIT: A nível pessoal, no entanto, depois de quase 50 anos desde o começo do Caminho, recordando a primeira evangelização nas favelas de Madrid, e vendo agora os frutos espalhados em todo o mundo, como você se sente?
Kiko: É lindo! (Risos) Hoje, em particular, sinto-me consolado por Deus. Acima de tudo, sinto-me consolado pelas palavras do Santo Padre. Admiro muito este Papa. Até na última convivência com os itinerantes de todo o mundo, expressei o meu pesar pelas críticas dirigidas ao Papa. Muitas vezes escuto dizer que o Papa é um “populista”, um “comunista”, muito focado no social... Acho que todos estejam errando porque este Papa está desclericalizando a Igreja. E é providencial para o tempo de hoje.
ZENIT: Voltando às famílias: em um momento em que - como disse o Papa Francisco - a família 'leva pancada’ de todos os lados, o que representa para a Igreja e para o mundo estas mães, pais e filhos que deixam tudo e partem para evangelizar?
Kiko: A família cristã, aberta à vida, é uma salvação para o mundo... Essas famílias - que já estão em missão em todos os continentes, bem como estas 200 que vão partir hoje, que são ‘formadas’ para evangelizar depois de tantos anos de Caminho – são uma salvação para a Igreja, mas especialmente para a sociedade. Porque os seus filhos serão os futuros arquitetos, advogados, médicos... Serão, em definitiva, a sociedade do futuro. E o mundo de hoje tem necessidade de pessoas cristãs que não roubam, que não mentem, que não se corrompem! Além do mais, destas famílias saem muitíssimas vocações. É também graças a elas que temos 103 seminários Redemtoris Mater(*) em todo o mundo...
ZENIT: Após esta audiência com o Papa, o que se espera do Caminho Neocatecumenal?
Kiko: Nos próximos meses daremos a volta ao mundo para os encontros vocacionais. Estarei na Itália, em Gênova, Palermo e talvez em Macerata, e também na Espanha. A novidade é que iremos também à África. Porque eu tenho tantos irmãos e irmãs que me pedem: "Kiko, quando você vem para a África?". São pessoas pobres, humildes, muito atraídas pelas palavras de Cristo: "Vem e segue-me!". E também eles esperam viver um encontro onde alguém lhes diga: "Há famílias para a missão?", para se levantar e sair. Portanto, estamos organizando um grande encontro com cerca de 25 mil pessoas. Vamos Ver ...
ZENIT: Outro evento histórico para o Caminho Neocatecumenal foi o concerto em Auschwitz, com a presença de muitos rabinos. Continua esse diálogo com os judeus?
Kiko: Sim! Depois do concerto, os judeus ficaram tão impressionados com o nosso espírito de amor para com eles que pediram um encontro de todos os rabinos comigo e com outros representantes do Caminho. Provavelmente vamos fazê-lo em maio. Mas não está confirmado.
ZENIT: Kiko, uma última pergunta. Pensando nas estradas que se abrem para o Caminho e nas palavras de incentivo do Papa, qual é o seu desejo?
(Risos) Que o diabo não esteja assim tão bravo que me arme alguma armadilha!
(*) Existem 3 em Portugal: No Porto, em Lisboa e em Aveiro.